A resposta é sim. Há cada vez mais carraças e, consequentemente, um maior risco de doenças transmitidas por carraças. Não se trata de um acontecimento isolado, mas de um fenómeno global, ligado às alterações climáticas, à utilização dos solos e às interações homem-animal. Não basta conhecer as diferentes espécies, os sinais clínicos que provocam nos hospedeiros ou os microrganismos que podem transmitir. A análise da sua distribuição atual e futura nos diferentes territórios é fundamental para a elaboração de um plano de ação para preservar a saúde pública.

Onde se encontram as maiores populações de carraças?
Um estudo recente realizado por investigadores chineses desenvolveu um modelo das áreas onde é mais provável a ocorrência de carraças no futuro. Este modelo estudou a presença de até 28 espécies de carraças portadoras de agentes patogénicos, combinando dados ecológicos, climáticos e socioeconómicos.
Os resultados mostram que, atualmente, o maior risco se situa nas zonas temperadas do hemisfério norte, especialmente na China, nos Estados Unidos e numa grande parte da Europa. A França, com quase 620.000 km² de habitat propício à proliferação de carraças, e a Espanha, com 506.000 km² (95% da nossa superfície), estão no topo da lista.
A descoberta mais relevante desta investigação é que as alterações observadas na adequação do habitat das carraças estão correlacionadas com as alterações climáticas futuras, o que pode ser de grande valor para a prevenção e gestão da doença.

O que acontece em Espanha?
Em 2023, o Ministério da Saúde promoveu o Projeto GARES, uma iniciativa para criar o primeiro mapa global da distribuição das diferentes espécies de carraças que podem atuar como vectores de doenças de importância sanitária em Espanha. Este projeto envolveu mais de 200 colaboradores voluntários, o que permitiu a recolha de espécimes e dados georreferenciados em 712 pontos (incluindo pelo menos um por comunidade autónoma ), e o apoio de vários especialistas e profissionais, bem como de novos membros que receberam formação específica, e que unificaram esforços sob a mesma metodologia.
A amostragem foi efectuada tanto na vegetação (técnicas de arrasto e bandeira) como nos animais domésticos e selvagens, com preservação de amostras para análise morfológica e genética.
Os resultados do mapeamento foram recentemente publicados. Na vegetação, foram recolhidas 6.144 carraças, sendo Hyalomma o género mais frequente, seguido de Rhipicephalus, Dermacentor, Haemaphysalis e Ixodes.
Nos animais, foram recolhidos 2.040 exemplares, com predominância dos géneros Rhipicephalus e Hyalomma, tendo sido também detectadas espécies endofílicas menos acessíveis por arrastamento.
Entretanto, prosseguem os trabalhos relativos aos planos de controlo e de vigilância. Em julho do ano passado, foi publicada a terceira parte do Plano Nacional de Prevenção, Vigilância e Controlo das Doenças Transmitidas por Vectores, centrada nas doenças transmitidas por carraças, especialmente a febre hemorrágica da Crimeia-Congo e a doença de Lyme. O conceito "One Health" é a base deste plano, que visa melhorar a resposta às doenças transmitidas por carraças através da combinação de mecanismos de coordenação entre as diferentes administrações, da deteção precoce e do reforço da vigilância entomológica das carraças.

O desafio do Tick
As carraças são parasitas externos dos animais de companhia e de produção. Alimentam-se do seu sangue, causando sinais clínicos como fraqueza, stress, irritação da pele ou anemia. No entanto, o maior risco que apresentam, tanto para os outros animais como para o homem, é o de serem vectores de doenças graves (ver quadro abaixo). No caso dos animais de criação, patologias como a babesiose, a anaplasmose, a teileriose e a erliquiose afectam não só a produtividade dos animais de criação, mas também a saúde de toda a exploração e dos seres humanos.
Doença |
Agente causador |
Vectores |
Risco |
Babesiose bovina e ovina |
Babesia |
Rhipicephalus Ixodes |
Muito disseminada |
Ehrlichiose granulocítica (anaplasmose) |
Anaplasma phagocytophilum |
Ixodes, Dermacentor, Rhipicephalus
|
Sul e Leste peninsular |
Borreliose de Lyme |
Borrelia burgdorferi sensu lato |
Ixodes ricinus
|
Presente em caprinos e ovinos Risco zoonótico para os agricultores |
Febre hemorrágica da Crimeia-Congo |
Vírus CCHFV |
Hyalomma marginatum Hyalomma lusitanicum |
Elevado risco zoonótico para veterinários e criadores de gado |
Teileriose |
Theileria annulata Theileria orientalis |
Hyalomma marginatum Hyalomma lusitanicum |
Risco emergente de propagação |
Febre exantemática mediterrânica (Tifo) |
Rickettsia conorii |
Rhipicephalus sanguineus |
Pode afetar os cães e o gado (ocasionalmente)
|
Perante este problema de grande envergadura, uma vez detectado, é essencial conceber um plano de ação que combine estratégias de controlo como a utilização de acaricidas em passagens, currais, estábulos, cercas e pontos de concentração, o controlo da vegetação perimetral, a manutenção das pastagens e o maneio adequado para evitar possíveis infestações do gado.
A monitorização contínua ao longo do ano também ajudará a reduzir significativamente o risco de infestação, melhorando a saúde do gado e evitando perdas económicas.

A experiência da Euronit, ao serviço do sector pecuário
A Euronit tem uma longa história como fabricante de placas de fibrocimento ou naturocimento e painéis sanduíche para a cobertura de edifícios pecuários, agrícolas ou industriais.
Dispor de instalações adequadas, que favoreçam a limpeza e a durabilidade, é fundamental para proteger tanto os animais como as pessoas que trabalham nelas.
O conhecimento especializado dos materiais para todos os tipos de instalações pecuárias permite-nos oferecer uma vasta gama de soluções para cada necessidade, permitindo uma gestão mais eficiente e sustentável.
A composição e a tecnologia do fibrocimento ou naturocimento produzido conferem aos painéis sandwich ondulados e aos painéis múltiplas e vantajosas qualidades para a construção de coberturas. Prova disso são, por exemplo, o painel ondulado Granonda, com a sua elevada resistência e longevidade, ou o painel sanduíche Agrotherm+, com a sua elevada eficiência térmica e durabilidade.